78# Resenha: Sacramento | Felipe Cangussu

Autor: Felipe Cangussu

Editora: Novo Século (Novos Talentos da Literatura Brasileira)

Páginas: 400

Sinopse: Não leia este livro se não estiver disposto a passar a madrugada imerso no rio de suas palavras. Deixe-o para quem deseja se entregar à sua trama como um apaixonado, à fluidez dessa obra envolvente e um tanto... original. 

Leitor, deixe-me apresentar:

Essa é a história de William, o amigo que todo suicida precisa.

De Anderson, o psicopata do bem.

Marina, a mulher que amou demais.

E Johnny Sacramento, o homem que (quase) morreu três vezes.

A história do livro se passa na cidade de Palmas - Tocantins e começa nos mostrando a realidade de Anderson, um jovem que perdeu os pais quando era muito pequeno e acabou indo morar com seus tios e seu primo William, que por sua vez é um jovem muito alegre e extrovertido. Eles são vizinhos de Johnny Sacramento, um garoto frágil e meio covarde, eles três se conhecem de uma maneira inesperada e logo se tornam amigos. Temos ainda Marina, muito sonhadora e romântica, seu maior desejo é se apaixonar e ter uma família. Os quatro crescem juntos e formam uma forte ligação de amizade, evoluindo e aprendendo. 

Anos à frente, Johnny consegue uma excelente oportunidade de emprego em Brasília e decide correr atrás dessa chance de uma vida melhor. Entretanto, quando Johnny se instala na Capital do Brasil, ele começa a sentir uma imensa saudade de seus amigos, o que acaba lhe deixando em um estado de isolamento e depressão. Em um certo dia, ele recebe uma mensagem muito misteriosa que diz o seguinte:

"Querido Johnny, o seu tempo de vida expirou, queira entregar o corpo de aluguel para um dos nossos ceifadores. Você poderá fazer essa devolução através de um suicídio comum. Nós disponibilizamos o "Botão". É muito simples, barato, e nenhum cliente voltou até hoje para reclamar. Você adquire uma nove milímetros, coloca o cano na boca e aperta o botão que fica sobre o gatilho. Informamos que a não devolução do produto acarretará juros posteriores.

Remetente: Dona Morte

Número:666-666"

Johnny pensa que a mensagem é só uma piada de mal gosto e deixa o ocorrido de lado. No entanto, como é de se esperar, ele aceita essa proposta misteriosa e resolve colocar fim ao seu próprio sofrimento puxando o gatilho. Momentos depois, Johnny se vê frente à frente com a Dona Morte e antes de receber sua sentença, ele é reanimado por um grupo de paramédicos, escapando das mãos da Morte. Entretanto, isso não deveria ter acontecido, seu tempo já tinha se esgotado e a Morte não irá descansar até conseguir a alma de Johnny, mesmo que para isso tenha que matar milhares de pessoas, inclusive seus entes queridos.

''O planeta é redondo, e, quando estamos em uma roda que gira, acabamos nos reencontrando com lugares ou pessoas que nunca imaginávamos rever.''

Esta foi uma leitura surpreendente, quando peguei o livro para ler, eu não sabia do que se tratava direito, visto que a sinopse não demonstra muita coisa. Pensei que seria uma história sobre um psicopata, mas ela se mostrou muito mais que isso. Zumbis, demônios de olhos vermelhos, ceifadores, mortes, mortes e mais mortes, estes são apenas algumas das criaturas que surgem para nos aterrorizar nesta trama medonha.

A escrita do autor é muito ágil e dinâmica, com pitadas de sarcasmo, nos levando a passar as páginas rapidamente. Admito que no começo do livro, eu estava um pouco perdida, a leitura estava meio confusa, mas depois de algumas páginas, eu não conseguia parar de ler, este não é um livro para ser devorado, mas sim um livro que devora o leitor.

E o desfecho é o ápice de tudo, onde as pontas soltas se encaixam por completo e fiquei de queixo caído. O autor foi bastante audacioso, digo até cruel, ao matar sem dó personagens muito importantes e de maneiras horríveis. As diferentes mortes criadas pelo autor são bastante originais, nada clichê.

Sacramento é uma das melhores leituras desse ano e eu recomendo muito este livro, não, eu digo que é uma obrigação a leitura deste livro para qualquer leitor. Uma história original, horripilante e viciante.